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Arranque inicial do trigo: como evitar que o oídio comprometa sua lavoura desde a emergência

Danos variam conforme a região, as condições climáticas, a suscetibilidade da cultivar e o estádio de desenvolvimento da planta no momento da infecção

A cultura do trigo (Triticum spp.) continua sendo uma alternativa importante para os produtores durante a safra de inverno no Sul do Brasil. Além de representar uma oportunidade de renda adicional para o produtor e de contribuir para a diversificação e a produção de palhada no sistema de plantio direto, o trigo também é uma ferramenta agronômica nos sistemas de rotação de culturas. Sua introdução ajuda na quebra dos ciclos de pragas, doenças e plantas daninhas nas lavouras. No entanto, para garantir o sucesso da safra, é essencial investir desde o início em boas práticas de manejo. Entre os principais desafios enfrentados nos estágios iniciais de desenvolvimento da cultura está o oídio, uma doença fúngica que pode comprometer seriamente o desenvolvimento das plantas logo após a emergência (LAU et al., 2020).


O oídio, causado pelo fungo Blumeria graminis f. sp. tritici, é uma doença foliar que reduz o rendimento e a qualidade dos grãos. Os danos variam conforme a região, as condições climáticas, a suscetibilidade da cultivar e o estádio de desenvolvimento da planta no momento da infecção. De acordo com Reis et al. (1997), a redução no rendimento de grãos pode variar de 10%, em cultivares mais resistentes, até 62% nas mais suscetíveis. A doença se manifesta com maior intensidade em regiões de clima mais ameno e seco, condições comuns durante o outono e início do inverno no Sul do país, período em que a maioria das lavouras de trigo está na fase de germinação e emergência. Com umidade relativa do ar entre 85% e 100% e temperaturas entre 15?°C e 22?°C, o oídio se propaga facilmente em ambientes com pouca incidência de chuvas e orvalho frequente (CABI, 2020). Esses fatores tornam mais difícil prever sua ocorrência e seu controle mais desafiador.


Sintomas

A manifestação típica do oídio é o surgimento de estruturas como micélio e conídios, de tonalidade branco-acinzentada, com aparência de poeira fina, geralmente ocorre na superfície superior das folhas do trigo (figura 1). Sob condições climáticas propícias, essas colônias podem se formar nas plântulas logo após a germinação. Em casos de infecção intensa, o fungo pode alcançar todas as regiões verdes da planta situadas acima do solo, incluindo o caule, espiga e aristas. À medida que crescem, as colônias podem se expandir e se fundir, cobrindo grandes áreas da planta. Nessas fases mais tardias, elas adquirem coloração acinzentada e desenvolvem pequenas estruturas escuras, denominadas cleistotécios, que funcionam como estruturas de resistência do fungo (figura 2).


Figura 1 (fonte: Embrapa Trigo)


Figura 2 (fonte: Marcelo Madalosso).


Métodos de controle


Embora o oídio não seja uma doença transmitida via semente, o tratamento de sementes desempenha um papel importante no manejo fitossanitário inicial da lavoura. Sementes tratadas com fungicidas contribuem para o controle eficaz de patógenos de solo e de semente, favorecendo a emergência vigorosa e o estabelecimento uniforme da lavoura. Esse bom arranque inicial permite que as plantas enfrentem com proteção o ataque precoce de doenças, como o oídio (EMBRAPA, 2022).

Nesse contexto, uma das medidas protetivas é o uso de fungicidas específicos para essa doença focados no tratamento de sementes. O Sistiva® é um fungicida com ação protetiva, pois atua na inibição da germinação dos esporos, desenvolvimento e penetração dos tubos germinativos. Possui a molécula fluxapiroxade, pertencente ao grupo das carboxamidas, com ação sistêmica e residual prolongada. Sua formulação permite proteção não apenas contra doenças de início de ciclo, como Fusarium e Helminthosporium, mas também proporciona efeito supressivo sobre doenças foliares, incluindo o oídio. Isso reduz a pressão inicial da doença e contribui para proteção da planta até a aplicação foliar, otimizando o manejo químico ao longo do ciclo (BASF, 2021).


Portanto, embora o tratamento de sementes não elimine completamente o risco de oídio, o uso de produtos como Sistiva® representa um avanço no controle preventivo e integrado da doença. Sua adoção, aliada ao uso de cultivares resistentes, ao monitoramento da lavoura e a aplicações foliares no momento correto, compõe uma estratégia eficiente de manejo do oídio no trigo.



Conclusão


O sucesso na produção de trigo no Sul do Brasil depende de um manejo criterioso desde os estágios iniciais da cultura, especialmente no enfrentamento de doenças como o oídio, que pode comprometer severamente o desenvolvimento e a produtividade das lavouras, como ocorreu na safra de 2024. A compreensão dos fatores climáticos que favorecem a doença, aliada à identificação precoce dos sintomas, é fundamental para a tomada de decisões assertivas no campo.


Entre as estratégias de manejo, destaca-se o tratamento de sementes com fungicidas de ação sistêmica, que oferece uma proteção prolongada e eficaz durante o arranque inicial da cultura. Além disso, lembre-se sempre que o monitoramento da lavoura e a entrada com aplicação foliar no início do aparecimento dos sintomas também é fundamental para o sucesso no manejo. Quando integrado a outras práticas, como o uso de cultivares resistentes e o monitoramento constante da lavoura, o controle do oídio torna-se mais eficiente e sustentável, contribuindo para a sanidade da lavoura e a maximização do potencial produtivo do trigo.


Texto escrito por Caetano Rocha e Eduarda Seger da Silva Pinheiro, acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial - PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.



Referências bibliográficas:


CABI. Blumeria graminis (powdery mildew of grasses and cereals). In: Invasive Species Compendium. Wallingford, UK: CAB International, 2020.

LAU, D. et al. Principais doenças do trigo no sul do Brasil: diagnóstico e manejo. Embrapa Trigo-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 2020.

REIS, E. M.; CASA, R. T.; HOFFMANN, L. L. Efeito do oídio, causado por Erysiphe graminis f. sp. tritici, sobre o rendimento de grãos de trigo. Fitopatologia Brasileira, v.22, p.492-495, 1997

BASF. Sistiva® – Tratamento de sementes de trigo e cevada. 2021. Disponível em: https://www.agriculture.basf.com/br/pt/Produtos/Visao-geral/Sistiva.html. Acesso em: 16 maio 2025.

EMBRAPA. Trigo: recomendações técnicas para o sul do Brasil – Safra 2022. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2022. 286 p. (Documentos, 257).

Foto capa:Leila Costamilan/divulgação Embrapa Trigo

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